Damos o nome de figuras de linguagem às
formas linguísticas usadas para exprimir o pensamento de modo original,
criativo. As figuram de linguagem exploram o sentido conotativo de palavras ou
expressões, realçam a sonoridade de palavras e frases e, até mesmo, organizam a
frase, afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de
dar destaque a algum de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser
classificadas em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e
figuras de palavras.
1- FIGURAS DE SOM
ALITERAÇÃO - Consiste na repetição ordenada de mesmos
sons consonantais. Aliteração vem de litera, do latim letra.
Ex.: “O
rato roeu a roupa do rei de Roma”.
“Esperando, parada, pregada na
pedra do porto.”
ASSONÂNCIA - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
Vem de som.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
ONOMATOPEIA - Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz
natural dos seres irracionais, ou ruído dos objetos.
Ex.: atchim – espirro.
Piu-piu: canto do passarinho
Din-don: o som da campainha
2- FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
ASSÍNDETO - Ocorre quando há a ausência da conjunção
entre duas orações para dar mais rapidez ao discurso.
Ex.:
“Sorri, gesticula, canta, declama”
Já
o POLISSÍNDETO é a repetição estilística e expressiva da mesma
conjunção coordenativa ligando os termos.
Ex.:
Trabalha, e corre, e sua, e sofre!
POLISSÍNDETO - É a repetição da conjunção entre as orações
de um período ou entre os termos da oração.
Ex.:
Chegamos de viagem e pulamos e cantamos e saímos para
dançar.
ANACOLUTO - Consiste numa mudança repentina da construção
sintática da frase, ou seja, consiste em deixar
um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma
determinada construção sintática e depois se opta por outra.
Ex.: A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.
Ele, nada
podia assustá-lo.
ANAFÓRA - Consiste na repetição da
mesma palavra ou expressão, no começo de uma frase, usada anteriormente
para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.
Ex.: Cada alma é uma escada para
Deus, /Cada alma é um corredor-Universo para Deus, /Cada alma é
um rio correndo por margens de Externo /Para Deus e em Deus com um sussurro
noturno. (Fernando Pessoa)
ELIPSE - Consiste na omissão
(espontânea ou voluntária), por meio de uma vírgula, de um termo que
fica facilmente subentendido e identificável no contexto.
Ex.:
“Após a queda, nenhuma fratura.” (não houve - elipse)
Saiu
cedo! (ele – elipse)
SILEPSE - Ocorre quando a concordância é realizada com a
idéia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero, número
e pessoa.
De gênero.
Vossa excelência está preocupado com as notícias.
(a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse exemplo a
concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não
com o sujeito).
De número.
A boiada ficou furiosa com o peão e derrubaram a
cerca. (nesse caso a concordância se deu com a idéia de plural da palavra
boiada).
De pessoa
As mulheres decidimos não votar em determinado
partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o falante se
inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª pessoa).
ZEUGMA - Consiste na omissão de um termo já empregado
anteriormente. Consiste na elipse de um termo
que já apareceu antes.
Ex.: Ele
come frutas; eu, verduras. (omissão de como)
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)
PLEONASMO - Consiste na intensificação de um termo
através da sua repetição, reforçando seu significado.
Ex.: “Nós
cantamos um canto glorioso”.
INVERSÃO – mudança da ordem direta dos
termos nas frases
Ex.:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado
retumbante.” (Hino Nacional Brasileiro)
Na ordem
direta, teríamos:
As
margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
3- FIGURAS DE PENSAMENTO
ANTÍTESE - Consiste no uso de palavras, numa mesma
frase, de expressões ou pensamentos de sentidos opostos (contrários).
Ex.: “A mocidade é uma esperança;
a velhice um desengano”
“O
sonho de um céu e de um mar /E de uma vida perigosa /Trocando o amargo
pelo mel /E as cinzas pela rosa /Ted faz bem tanto quanto mal
/Faz odiar tanto quanto querer”
Felicidade não tem fim; Tristeza,
sim.
IRONIA - Consiste na inversão dos sentidos, ou seja,
afirmamos o contrário do que pensamos. É a
figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso,
efeito crítico ou humorístico.
Ex.: Que alunos
inteligentes, não sabem nem somar isso eu já sabia.
EUFEMISMO - Consiste em suavizar palavras ou expressões
que são desagradáveis, substituir uma expressão por
outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação
desagradável ou rude. Por exemplo, no Brasil do Lula, do PT, ocorreram muitos
eufemismos. Não existem pobres (somente a Classe C), não existem negros
(somente afrodescendentes), não existem mendigos (somente moradores de rua), e
não existem aleijados e retardados mentais (somente portadores de deficiência).
Ex.: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (ou seja, ele
roubou)
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai.
(repousar no céu = morreu)
HIPÉRBOLE - É um exagero intencional com a finalidade de
tornar mais expressiva a idéia.
Ex.: Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita
sede)
PROSOPOPEIA – ou Personificação. É uma figura de linguagem que
atribui características humanas a seres inanimados.
Ex.: O
céu está mostrando sua face mais bela.
4- FIGURAS DE PALAVRAS
METÁFORA
- É o
emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma
relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida.
Ex.:
Minha boca é um túmulo. (guardo segredos)
CATACRESE - É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos.
Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de
um termo próprio.
Ex.: O
menino quebrou o braço da
cadeira.
A manga da camisa rasgou-se.
Barriga da perna. Cabeceira do rio.
COMPARAÇÃO - Consiste em atribuir características de um ser a
outro, em virtude de uma determinada semelhança.
Ex.: O
meu coração está igual a um céu cinzento.
O carro
dele é rápido como um avião.
METONÍMIA - É a substituição de uma palavra por outra,
quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa
troca. Ocorre metonímia quando empregamos o autor pela obra.
Ex.: Li Machado
de Assis várias vezes. (as obras de Machado de Assis)
PERÍFRASE - É a designação de um ser através de alguma de suas
características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
Ex.: A
última flor do Lácio está sendo a cada dia detonada (a língua
portuguesa)
A Cidade
Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade Maravilhosa = Rio de
Janeiro)
SINESTESIA - Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes, de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por
diferentes órgãos do sentido.
Ex.: A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
Raquel
tem um olhar frio, desesperador.
Aquela
criança tem um olhar tão doce.
1- Crie eufemismo para os
seguintes casos:
a) Como diria um
técnico de um time muito ruim?
___________________________________________________________________________________
b) Como diria a
professora de um aluno que corre o risco de ser reprovado?
___________________________________________________________________________________
c) Como diria a
mãe de um aluno que não consegue aprender?
___________________________________________________________________________________
d) Paulo, seu
trabalho de Física está horrível!
___________________________________________________________________________________
e) Ele é um vagabundo!
__________________________________________________________________
f) Você é um corrupto!
________________________________________________________________
g) Eles são ladrões!
__________________________________________________________________
2- “De tudo que ele suscita e esplende e estremece e
delira...", a figura de linguagem presente é:
A) metáfora
B) hipérbole
C) pleonasmo
D) polissíndeto
E) antítese
3-
No
trecho: "O pavão é um arco-íris de plumas", enquanto procedimento
estilístico temos uma:
A)
metáfora
B)
comparação
C)
metonímia
D)
hipérbole
E)
anáfora
4-
No
trecho: "...“Plunct, plact, zum, você não vai a lugar nenhum”, de Raul
Seixas, encontramos a seguinte figura de linguagem:
A) onomatopeia
B) hipérbole
C) perífrase
D) eufemismo
E) metonímia
5-
No
trecho: “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere”. (Vieira) encontramos a
figura de linguagem chamada:
A) silepse de pessoa
B) elipse
C) anacoluto
D) hipérbole
E) anáfora
6-
Em qual
das opções há erro de
identificação das figuras?
A) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no
derradeiro sono." (eufemismo)
B) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.”
(prosopopeia)
C) Sentei no braço da poltrona para descansar.
(catacrese)
D) Li Cecília Meirelles. (metáfora)
E) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me
então." (Clarice Lispector) (onomatopeia)
7-
Na
expressão: “Todos estão morrendo de sede”, a figura de pensamento presente é:
A) metáfora
B) hipérbole
C) pleonasmo
D) anáfora
E) antítese
8-
Na
expressão: “Faz dois anos que ele entregou a alma a Deus.” a figura de
linguagem presente é:
A) pleonasmo
B) comparação
C) eufemismo
D) hipérbole
E) anáfora
9-
No trecho:
“O vento beija meus cabelos”, de Lulu Santos, tem-se a figura de linguagem:
A) prosopopeia
B) onomatopeia
C) metonímia
D) hipérbole
E) metáfora
10-
Em “Sonhei
que estava sonhando um sonho sonhado”, de Martinho da Vila, a figura de
linguagem é:
A) polissíndeto
B) comparação
C) metáfora
D) hipérbole
E) pleonasmo
11-
“Não
deixe de colocar dois dentes de alho na comida”, a figura de linguagem na frase
é:
A) prosopopeia
B) ironia
C) catacrese
D) hipérbole
E) anáfora
12- Leia a letra da canção para responder ao que se pede.
Eu nasci há dez mil anos
atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais
(...)
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros prá floresta
Pro Quilombo dos Palmares, eu vi
(...)
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E pr’aquele que provar que eu tô mentindo
Eu tiro o meu chapéu.
(Eu nasci há dez mil anos atrás, Paulo Coelho e Raul
Seixas. LP, Há dez mil anos atrás, Philips, 1976)
No
fragmento da música de Raul Seixas e Paulo Coelho, é possível observar a
seguinte figura de linguagem:
A) Metonímia.
B) Hipérbole.
C) Catacrese.
D) Ironia.
E) Sinestesia.
13- “Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os
modernos”. (Machado de Assis)
A)
anáfora –
antítese - silepse
B)
metáfora
– antítese – elipse
C)
catacrese
– antítese – silepse
D)
pleonasmo
– antítese – silepse
E)
metáfora
– comparação – metáfora
14- (Mack) Nos versos abaixo uma figura se ergue garças ao
conflito de duas visões antagônicas:
“Saio do hotel com quatro
olhos,
Dois do presente,
Dois do passado.”
Essa figura de linguagem
recebe o nome de
A) metonímia.
B) catacrese.
C) hipérbole.
D) antítese.
E) hipérbato.